Houve dois momentos de brilho especial na trajetória da judoca Mayra Aguiar
rumo à conquista da medalha de bronze na categoria até 78 quilos, em Londres.
Dois momentos em que ela, mais do que talento, mais do que força, mais do que
garra, demonstrou raro poder de concentração.O primeiro ocorreu nas quartas de final. Mayra já havia derrotado a tunisiana
Hana Mareghni, e agora enfrentava a polonesa Daria Pogorzelec. No tatame ao
lado, porém, lutavam a holandesa Marhinde Verkerk e a britânica Gemma Gibbons. A
dona da casa estava se apresentando. Ou seja: praticamente todo o público do
ginásio do imenso Centro ExCel torcia por Gemma. E torcia ruidosamente, como se
ali estivesse a charanga do Flamengo. Os ingleses gritavam, batiam nas cadeiras,
faziam a maior algazarra. Mayra, ao lado, sabia que nada daquilo era para ela.
Nem contra ela. Era apesar dela. Ainda assim, ela se manteve fria, atacou a
polonesa com a fúria de um Tyson e a venceu. Saiu do tatame como havia saído na
primeira luta: séria, em silêncio, sem comemorar. Tinha consciência de que o
mais difícil viria a seguir.
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