Desde as 20h daquela fria segunda-feira, em 14 de julho de 1913, quando 18
jovens resolveram fundar um clube para jogar futebol, até hoje, o Cruzeiro vive
por pura insistência. Afinal, o mesmo time que já teve o melhor estádio de Porto
Alegre também já fechou as portas. Por duas vezes. E as reabriu. A mesma equipe
que foi pioneira nas excursões pelo Exterior entre os clubes gaúchos também
viveu constantes dificuldades financeiras.
Só a obstinação dos seus
poucos, mas abnegados torcedores para justificar as dez décadas de vida. E ainda
com esperança de seguir em frente. Não é por nada que está próxima a mudança
final de Porto Alegre para Cachoeirinha, que será realizada simbolicamente neste
domingo, onde está sendo erguida a nova casa.
No início do século
passado, no entanto, as agremiações não eram criadas para conquistar títulos.
Era mais como as equipes atuais da várzea: a juventude do começo do século
passado montava seus times para jogar entre si e, às vezes, contra algum
adversário do mesmo bairro.
Na época, os 18 jovens se encontraram para
uma reunião no prédio do antigo Cine Ópera, na Rua da Praia, centro da Capital.
Cinco deles provinham do Sport Club Internacional, instituído quatro anos antes.
Descontentes, esses cinco rapazes se desligaram do Inter e, por isso, passaram a
ser conhecidos como o Clube das Cinco Estrelas. Na esquina com a Rua Uruguai,
eles simbolizaram o novo clube com a constelação Cruzeiro do Sul.
O pioneirismo da Europa
O então presidente do Esporte
Clube Cruzeiro, Antônio Pinheiro Machado Netto, bateu pé. E fez do time o
primeiro gaúcho a excursionar pela Europa – e o brasileiro precursor a jogar na
Ásia. A maior aventura do hoje centenário Cruzeirinho começou em outubro de 1953
e terminou em janeiro de 1954, entre trens, ônibus, aviões e navios. Os 28
pioneiros passaram por seis países e disputaram 15 jogos. O retrospecto, até
hoje, é comemorado: sete vitórias, cinco empates e apenas três derrotas
Mas são casos como o diálogo entre o argentino Di Stéfano, do Real Madrid, e o
zagueiro Waltão, durante a precursora excursão europeia, que também marcam a
história. Encarregado de marcá-lo, Waltão irritou o adversário, que
retrucou:
– Mirá, pibe, yo soy Di Stéfano, de Real Madrid.
Waltão,
nem aí para a fama do craque, respondeu:
– E daí, sou o Waltão, de
Canoas.
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